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Revista Origens no4

Revista Origens 2015 33 fazendo”. Ela e a família passaram a serem conhecidos no bairro e se engajaram cada vez mais em projetos voltados a esse público de rua, entre eles o Projeto Recomeço e o Centro Assistencial ao Povo Carente. Criaram um espaço onde os usuários podiam comer, tomar banho, conversar e fazer oficinas diversas. O projeto só foi crescendo, até que o casal resolveu se dedicar cem por cento àquele lugar e largaram seus empregos. Por iniciativa do casal, muitos usuários de drogas têm sido encaminhados para casas de recuperação, outros têm voltado para suas casas, e outros participam dos cursos profissionalizantes realizados no Projeto Retorno, outro que desenvolvem na região. Antes de tornar-se missionária em tempo integral, Nildes trabalhava em um hospital como assistente administrativa há quatro anos e seu marido, no Banco do Brasil, há oito anos. Hoje ela se sustenta sendo remunerada por um projeto do governo, Projeto Recomeço, e lidera uma equipe de quarenta assistentes sociais do governo estadual que a procuram quando precisam se aproximar de viciados mais arredios. Em alguns casos, é chamada até para apartar brigas na rua. “Essas pessoas precisavam de alguém para dar um ‘bom dia’ ou apenas desabafar”, conta Nildes. “Virei parte da família delas.” Já o Centro Assistencial ao Povo Carente tem como foco ajudar grávidas e a recuperação de dependentes q u í m i - cos por meio de doações. D e s d e “Para algumas pessoas, eles eram invisíveis, mas para mim eles eram vizinhos visíveis. Eu não tive como não me envolver” 18 de janeiro de 2014, a pas- tora se estabeleceu no lo- cal, treinou 40 conselheiros que abordam os dependentes e oferecem ajuda. “A gente precisa ganhar a confiança dessas pessoas. O nosso trabalho é explicar como são os tratamentos oferecidos pelo Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), criado pela Secretaria de Estado da Saúde em 2002) e tentar entender qual a necessidade de cada um. Às vezes eles só precisam de um prato de comida, de um banho e até de uma ligação para um parente que perderam o contato”, explica. Hoje, Nildes caminha pela região com tranquilidade, pois já é conhecida de todos. “Posso vir aqui de madrugada, nada acontece comigo. Todos me conhecem e sabem do meu trabalho.” Sobre sua atuação, a missionária diz não encarar o que faz como uma profissão, mas sim como uma vocação, um dom. “Acho que essa força para ajudar vem da minha origem humilde. Sofri muito na infância, cheguei a apanhar de um tio todo dia. Mas nada tirava do meu coração que eu venceria.” Crédito: Canal Almeida. Ganhar a confiança das pessoas foi o primeiro passo.


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