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Revista Origens no4

26 ENTREVISTA por Bianca Bispo, Julia Pinto e Paloma Sganzerla O resto, às vezes, é uma mordida...e quantas mordidas. Faz parte, ainda mais com o comportamento animal. O: E qual é a maior dificuldade em lidar com animais? RR: No nosso trabalho, de quem mexe com natureza e animais, você está trabalhando num campo meio imprevisível, porque o animal não segue um padrão exatamente. De certa forma você tem sinais do animal do que pode acontecer, você não tem certeza absoluta e às vezes erra, se distrai, calcula errado uma distância, acontece com qualquer profissão. O: Dá para dizer que você foi precursor nesse tipo de programa no Brasil? RR: Nessa forma que mistura um pouco mais de aventura e culturas, sim. O Sérgio Rangel é um cara que começou muito antes, é um grande biólogo, começou com a Eliana, um cara incrível, amigo meu, foi meu professor; só que era mais aquela coisa de zoológico. Essa coisa de aventura, de explorar o planeta, de viajar, isso começou aqui no Brasil estranhamente comigo. O: A TV apareceu de certa forma “sem querer” na sua vida? RR: Aconteceu. Eu tinha já feito uma escolha, tinha saído da carreira da economia A ararajuba Duda, na casa do apresentador . “Essa coisa de aventura, planeta, de viajar, isso começou aqui no Brasil estranhamente para biologia, já tinha me preparado para de explorar o isso. Foi uma escolha de coração, que eu queria ter trilhado antes. E aí, em um certo momento, apareceu a televisão. Eu já tinha feito a escolha pela biologia, montei um criadouro conservacionista muito grande com o dinheiro da economia. Já estava fazendo biologia e estava me preparando, esperando dar uma firmeza no outro barco para pular para lá. O: Você diria que essa coisa da aventura, mexer com animais que são imprevisíveis, é o que o motiva a fazer esse tipo de trabalho? RR: Eu adoro animais, trabalho incansavelmente. A grande “desculpa” para fazer meu trabalho é que posso conhecer onde a gente vive, que é o nosso planeta, e isso é o que me motiva todos os dias. É por isso que eu ainda não parei. Para montar uma pauta, preciso conhecer o lugar para onde eu vou. Mergulhar profundamente nesse conhecimento é o que me motiva. O: O que você viu de mais inusitado na sua experiência vivendo como nômade na África? RR: Se você está em um bom espírito, a África é linda. Se você não está em um bom espírito, a África pode ser seu pior pesadelo. A África tem esse contraste. Num ponto a África é maravilhosa, mas você vê ali pobreza, desgraça, gente morrendo de fome. Você tem que ter muito estômago. Tem que saber olhar e sair comigo.” daquilo que não te interessa, mas não tem como não se envolver, você está ali. Acho que o mais difícil da África A arara “Blue”. Crédito: Bianca Bispo. Crédito: Paloma Sganzerla.


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